Antidepressivos
Uma andorinha certa vez me disse que palavras não traduzem sentimentos. O problema é que eu não tenho outro instrumento. Quando as palavras nada significam e as ações são esquecidas ao me resta ser julgado pelo crime que não cometi, ou cometi, de certa forma, com brilhos nos olhos e amor no coração.
Queria saber por que não chove, não faz sol, não venta. Por que não dói, não irrita, não faz feliz? Por que eu fecho as cortinas, tranco as portas e deixo as luzes desligadas? Não vou tomar essa pílula...
As músicas trazem sentimentos que não são meus. Os livros, pensamentos que não me pertencem. Eu assisto os filmes e vejo pixels coloridos. Eu vejo as fotos e vejo papel e tinta. Eu olho para o espelho e não vejo nada. Não vou tomar essa pílula...
Queria sentir tristeza, mas parece um sentimento tão distante... Eu imagino um rato em um canto de um quarto com um gato em sua frente. Pela esquerda, não há caminho para fugir. Pela direita, também não há espaço. Ele luta e apanha, volta para o canto, mas o gato não vem atrás. Ele simplesmente espera. Antes o gato viesse e acabasse com isso. Mas não, ela fecha o caminho e observa. Cansado de lutar, sem caminho para seguir e sem mesmo poder se entregar, o rato, naquele canto, se encontra catatônico. Ele não tem porque lutar, não tem porque temer, não tem por que se entregar, não tem porque correr, não nada. Não vou tomar essa pílula...
Olho para dentro e procuro uma voz, uma essência, algo que eu possa agarrar e chamar de eu. Só encontro um monte de lixo acumulado da história até aqui, um conjunto de sobras de experiências com lembranças de emoções e marcas de sofrimentos. Esse empilhado de porcarias juntas constroem essa forma grotesca que você vê. Mas atrás dessas coisas, tirando tudo que foi construído, procurei aquilo que sempre esteve ali e só encontrei um vazio. Não vou tomar essa pílula...
Sentado novamente em um maldito bar, acendo mais um cigarro. Os bêbados e os drogados e os garçons e os cachorros de rua vagam sentindo seus sentimentos. Vejo a mina mesa um cinzeiro, duas garrafas e um maço de Camel azul. Droga... Tomei a porcaria da pílula...
Queria saber por que não chove, não faz sol, não venta. Por que não dói, não irrita, não faz feliz? Por que eu fecho as cortinas, tranco as portas e deixo as luzes desligadas? Não vou tomar essa pílula...
As músicas trazem sentimentos que não são meus. Os livros, pensamentos que não me pertencem. Eu assisto os filmes e vejo pixels coloridos. Eu vejo as fotos e vejo papel e tinta. Eu olho para o espelho e não vejo nada. Não vou tomar essa pílula...
Queria sentir tristeza, mas parece um sentimento tão distante... Eu imagino um rato em um canto de um quarto com um gato em sua frente. Pela esquerda, não há caminho para fugir. Pela direita, também não há espaço. Ele luta e apanha, volta para o canto, mas o gato não vem atrás. Ele simplesmente espera. Antes o gato viesse e acabasse com isso. Mas não, ela fecha o caminho e observa. Cansado de lutar, sem caminho para seguir e sem mesmo poder se entregar, o rato, naquele canto, se encontra catatônico. Ele não tem porque lutar, não tem porque temer, não tem por que se entregar, não tem porque correr, não nada. Não vou tomar essa pílula...
Olho para dentro e procuro uma voz, uma essência, algo que eu possa agarrar e chamar de eu. Só encontro um monte de lixo acumulado da história até aqui, um conjunto de sobras de experiências com lembranças de emoções e marcas de sofrimentos. Esse empilhado de porcarias juntas constroem essa forma grotesca que você vê. Mas atrás dessas coisas, tirando tudo que foi construído, procurei aquilo que sempre esteve ali e só encontrei um vazio. Não vou tomar essa pílula...
Sentado novamente em um maldito bar, acendo mais um cigarro. Os bêbados e os drogados e os garçons e os cachorros de rua vagam sentindo seus sentimentos. Vejo a mina mesa um cinzeiro, duas garrafas e um maço de Camel azul. Droga... Tomei a porcaria da pílula...